O empreendedorismo feminino é uma tendência crescente no Brasil atual. As mulheres estão cada vez mais ocupando cargos de liderança importantes nas corporações e assumindo o controle de seus próprios negócios. Fato é que, certamente, a presença feminina no mercado de trabalho tem agradado e impulsionado mulheres de todo o país na busca pela autonomia financeira, profissional e pessoal.
No entanto, apesar de todo progresso realizado até hoje, grandes e significativos desafios permanecem na jornada feminina pelo mundo dos negócios. Neste artigo, exploramos os desafios e pontuamos perspectivas relevantes acerca das mulheres brasileiras no cenário dos empreendimentos.
O cenário do empreendedorismo feminino no Brasil
O Brasil tem feito avanços significativos no fomento (e no aumento!) do empreendedorismo feminino. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada no ano de 2018, mais de 9 milhões de mulheres estão à frente de negócios no país. No ano da pesquisa, elas representavam uma parcela de cerca de 35% dos “donos de negócio”.
Esse panorama evidencia a oxigenação e as novas ideias trazidas pelas mulheres empreendedoras para a sociedade, para a economia, para as empresas em geral. Para a sociedade, pois assume um papel essencial na redução de diferenças de oportunidades de crescimento entre o feminino e o masculino.
Para a economia, pois uma maior participação da mulher no mercado de trabalho e em cargos diretivos faz com que se tornem partes importantes do cenário econômico brasileiro e, como consumidoras, acabam por ditar hábitos de consumo.
E, por fim, para as empresas em geral, pois as lideranças femininas possuem grande potencial transformador, diversificando os pontos de vista na tomada de decisões e dando mais visibilidade para questões voltadas à representatividade.
Sendo assim, torna-se válido afirmar que o empoderamento das empresárias pode influenciar e inspirar outras mulheres, compartilhando suas histórias e auxiliando na superação dos obstáculos e desafios encontrados no mundo dos negócios. A conexão e colaboração de empreendedoras induz o aparecimento do que chamamos de “redes de apoio”, responsáveis por promover a troca de ideias, a criação de parcerias e o fortalecimento mútuo. Essa conexão entre elas é ainda mais sensível em um país como o Brasil, onde a desigualdade de gênero ainda é uma realidade presente em muitos aspectos da sociedade, sobretudo no mercado de trabalho.
Principais desafios para as empreendedoras
Embora exista uma tendência positiva de crescimento no empreendedorismo feminino, como mencionado previamente, ainda há muitos desafios a serem superados por elas. Abaixo, destacam-se alguns dos principais obstáculos que as mulheres enfrentam em suas jornadas empreendedoras.
- Acesso limitado a recursos financeiros: As mulheres geralmente enfrentam mais dificuldades para obter financiamento para seus negócios do que os homens. Mesmo que, conforme aponta o Sebrae, elas sejam consideravelmente mais adimplentes que eles (3,7% versus 4,2%), as empreendedoras enfrentam maiores obstáculos na obtenção de crédito para abrir ou manter suas empresas e ainda pagam, em média, juros 3,5% mais altos do que os homens. Isso se deve, em parte, à falta de confiança dos gerentes bancários nos negócios liderados por mulheres, bem como à falta de segurança delas em habilidades de negociação.
- Discriminação de gênero: Infelizmente, esse preconceito ainda persiste no mundo dos negócios, o que pode dificultar a progressão das empreendedoras. Recorrentemente, elas são subestimadas ou menosprezadas em comparação aos homens em situações rotineiras das corporações.
- Desafios de conciliação entre trabalho e vida pessoal: Equilibrar o trabalho com as responsabilidades familiares e pessoais é outra dificuldade que passa por diferentes fatores. Isso pode envolver cuidar de filhos, de pais idosos ou outras tarefas similares que exigem tempo e energia na dupla jornada feminina.
- Falta de rede de contatos: A criação de redes de contatos e parcerias de negócios também pode se mostrar conflitante. As mulheres podem ter dificuldades para se conectar com outras pessoas influentes em seus setores, o que é crucial para o sucesso dos negócios.
- Percepções culturais e sociais: Em diversas sociedades, as mulheres são consideradas menos aptas a gerir negócios ou liderar equipes em comparação aos homens. Essas percepções culturais e sociais podem restringir as oportunidades para as empreendedoras e limitar seu crescimento profissional.
Mulheres que nos inspiram
Existem muitas empreendedoras que se destacam em seus setores de atuação, que hoje tem grandes fortunas e fazem diferença no mundo do empreendedorismo.
Luiza Helena Trajano: Fundadora da rede de varejo Magazine Luiza, Trajano é uma das empresárias mais bem-sucedidas do Brasil. Presidente do Conselho de Administração do Magalu, a empresária também é reconhecida por suas ações em prol do empreendedorismo feminino, tendo fundado a rede Mulheres do Brasil, que objetiva empoderar mulheres e promover a igualdade de gênero.
Ana Fontes: Publicitária, Fontes é fundadora da Rede Mulher Empreendedora, ambiente que congrega mais de 750.000 mulheres e oferece suporte através de mentorias voluntárias, capacitando empreendedoras em diferentes estágios.
Cris Arcangeli: Empreendedora no setor de beleza e moda, fundadora da marca Beauty’in, marca de nutricosméticos, e sócia HOPE, , marca de lingerie que se tornou uma das maiores no país. Cris também é investidora em diversos negócios de tecnologia e entretenimento, e participou do programa Shark Tank Brasil, onde oferecia investimentos e mentoria para empreendedores que apresentavam suas ideias.
Em conclusão, o empreendedorismo feminino assume um papel fundamental na promoção da igualdade de gênero e no desenvolvimento socioeconômico nacional. As mulheres têm superado os desafios e obstáculos encontrados em suas jornadas, criando empresas bem-sucedidas e inovando em diversos setores. É essencial que o apoio e incentivo a essas empreendedoras continuem a crescer, seja por meio de políticas públicas, programas de capacitação e mentoria ou pelo fortalecimento de redes de contatos e parcerias. Somente assim, uma sociedade mais justa e igualitária será alcançada, valorizando, assim, a diversidade e o protagonismo feminino.
