
Você já ouviu falar no ‘El Niño’? Termo em espanhol, que em portugês traduz-se para ‘O Menino’, nada mais é do que um fenômeno climático global que ocorre a cada dois a sete anos, e sua principal característica é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico Tropical.
Como consequência desse aquecimento, ocorrem mudanças nos padrões de chuva e vento em todo o globo, podendo impactar significativamente na agricultura, sobretudo na brasileira. Recentemente, os meteorologistas confirmam a chegada do El Niño com aumento gradual de intensidade no inverno no Brasil. Isso significa um aumento do risco de seca na faixa norte das regiões Norte e Nordeste, enquanto no Sul do país é esperado o registro de grandes volumes de chuva.
Neste artigo, vamos te explicar mais sobre a formação desse importante evento climático, além de pontuar quais são seus principais impactos no agronegócio a nível nacional. Continue o texto e confira!
O que é o El Niño e como ele é formado?
Como explicado brevemente na introdução, o El Niño é um padrão climático causador de um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Tropical central e oriental. Notado pela primeira vez em meados de 1600 por pescadores peruanos, o fenômeno foi descrito por eles durante alguns períodos de águas excepcionalmente quentes no Oceano Pacífico.
Os eventos do El Niño, assim como La Niña ocorrem de forma irregular, apresentando intervalos variáveis entre dois a sete anos, e têm a capacidade de influenciar o clima global. Apesar de não possuírem uma periodicidade definida e serem altamente imprevisíveis, visto que cada evento é único em sua natureza, esse padrão climático costuma interferir no clima usual entre o mês de dezembro, próximo ao período do Natal.
Contudo, o aquecimento anormal, ainda não completamente compreendido pelos estudos científicos, permanece um enigma, à medida que os pesquisadores buscam identificar suas causas precisas. Uma das teorias mais amplamente aceitas, sugere que essa mudança nas temperaturas do Pacífico pode ser resultado de alterações na circulação dos ventos alísios, especialmente enfraquecidos durante o início do verão. Essas modificações seriam responsáveis pelo aquecimento das águas, gerando significativas oscilações nas condições das massas de ar, correntes marítimas e pressões atmosféricas. Essas mudanças, por sua vez, resultam em diversas anomalias climáticas em várias regiões do mundo, principalmente nas áreas tropicais, ocasionando uma variação nos padrões globais de temperatura e precipitação.
Porém, novamente, as evidências que realmente explicam tal fenômeno climático ainda não estão plenamente consolidadas na comunidade acadêmica, o que resulta em diversas teorias que, ainda hoje, carecem de comprovação científica.

Quais são os impactos do El Niño no agronegócio brasileiro?
No Brasil, o El Niño pode ter diversos impactos no agronegócio devido às alterações climáticas que provoca, incluindo:
- Seca e estiagens no Nordeste e Centro-Oeste: Devido às mudanças nos padrões de chuva, há uma considerável diminuição da disponibilidade de água para irrigação e para o gado, causando mudanças significativas na produção agrícola de grãos diversos (no Nordeste) e na pecuária bovina (no Centro-Oeste);
- Chuvas em excesso no Sul e Sudeste: Diferentemente do Nordeste e Centro-Oeste, o Sul e Sudeste podem enfrentar um aumento significativo nas chuvas, levando a eventos de precipitação em excesso. Enchentes, deslizamentos de terra e transbordamento de rios possuem mais riscos de acontecer nessas regiões durante o período do El Niño. Como resultado, podem haver mudanças na produção de soja e arroz (no Sul) e na colheita de café e cana-de-açúcar (no Sudeste);
Inundações na Amazônia: As secas também podem vir a ocorrer neste território. Dessa forma, algumas áreas da Amazônia responsáveis pela produção de commodities agrícolas, como o estado do Pará, notam algumas mudanças quanto à produção durante o El Niño. Vale lembrar que a soja, o milho e a pecuária são amplamente difundidos nesses territórios e contribuem diretamente para o abastecimento interno do país;

Como o agronegócio brasileiro pode se preparar para os impactos do El Niño?
Para o agronegócio brasileiro se preparar para os impactos do El Niño, é fundamental adotar estratégias de adaptação que levem em consideração as alterações climáticas que esse fenômeno provoca.
O monitoramento meteorológico das previsões climáticas e do desenvolvimento do El Niño é crucial para antecipar possíveis eventos climáticos extremos. O monitoramento constante permitirá que os produtores agrícolas e pecuaristas se preparem com antecedência para enfrentar os desafios que a mudança climática pode trazer.
Investir em tecnologias de irrigação eficientes pode ajudar a mitigar os efeitos das secas. Existem muitos tipos de tecnologias de irrigação eficientes, incluindo irrigação por gotejamento, irrigação por aspersão e irrigação por microaspersão. Essas tecnologias permitem que os agricultores usem a água de forma mais eficiente, o que pode ajudar a reduzir o desperdício e aumentar a produtividade das culturas.
Outro ponto a se considerar, são as práticas de manejo sustentável. Por meio de sua adoção, torna-se possível aumentar a resiliência do agronegócio brasileiro aos impactos do fenômeno climático em questão. A agricultura de conservação, por exemplo, é um conjunto de práticas que ajudam a proteger o solo e a água. Essas práticas podem ajudar a reter a umidade do solo, melhorar sua capacidade de retenção durante períodos secos, reduzir a erosão do solo e aumentar a produção.
Conclusão
Em conclusão, o El Niño é um fenômeno climático que pode ter um impacto significativo no agronegócio brasileiro. É essencial que o setor agrícola esteja preparado e adote medidas de adaptação, como as pontuadas logo acima. Assim, se fortalece a capacidade em lidar com os desafios impostos pelo El Niño e se garante uma produção mais resiliente, sustentável e próspera a longo prazo.